PANDEMIA: MÉDICO SE CURA DO CORONAVIRUS E FALA SOBRE A DOENÇA


        Confira a entrevista exclusiva com endocrinologista Danilo Mentrop
 O endocrinologista Danilo Mentrop foi uma das vítimas do COVID-19. Mesmo sendo da área de saúde,  tomando todas as precauções e não sendo do grupo de risco,  o médico contraiu a doença e se curou. Ele alega que não existe motivo para pânico, ou mesmo para estocar alimentos. Porém, é importante que as pessoas não banalizem a Covid-19 e sigam todas as instruções do Ministério da Saúde para que o vírus não se propague de maneira avassaladora, como vem acontecendo.
Além disso, Mentrop pontua que o momento exige atitudes de colaboração e coletividade, para ajudar a proteger aqueles que estão no grupo de risco – como idosos e pessoas com doenças crônicas. 

Como o senhor contraiu o vírus? Teve todos os sintomas? Poderia nos contar em detalhes?
Contrai o vírus trabalhando. Tive sintomas de dor nas costas, diarréia, prostração, anosmia (perda do cheiro) com cansaço e falta de ar.
Tive no primeiro dia de sintomas um cansaço, no qual toda hora precisa respirar fundo pra completar o ar que faltava. Foi evoluindo pra falta de ar e dorsalgia (dor nas costas). Busquei emergência, onde fiz todos os exames e deu positivo para COVID-19 e fui liberado para me tratar em casa.  Respeitei o tempo de isolamento.

 Como foi sua recuparação? Demorou muito? Tomou que medicações?
Me mediquei com hidroxicloroquina e azitromicina, e me curei da doença com exames evidenciando isso após 10 dias do início da doença ( 5 dias de tratamento com os remédios). Deve-se respeitar a doença.

 Quais as principais medidas a população deve adotar neste momento? 

Acredito que o principal agora é conscientizarmos as pessoas quanto à importância de levar o isolamento social a sério. Além da higienização das mãos e dos cuidados ao tossir e espirrar, essa é a única maneira de conseguirmos diminuir a propagação do vírus.

E para aquelas pessoas que precisam sair para trabalhar? 

Sabemos que nem todas as empresas aderiram ainda a orientação de paralisar as atividades e quem precisa circular pela cidade deve redobrar a atenção e intensificar a lavagem das mãos e uso do álcool gel. O ideal é que saiam para trabalhar e voltem direto para casa. Passem no máximo no supermercado, por exemplo e, ao chegar em sua residência, reforce a higienização antes de ter contato com os outros familiares.

Quais são os grupos de maior risco de contaminação e por que? 


Ainda não sabemos muito sobre como o vírus atua, mas os idosos e as pessoas com doenças crônicas estão mais suscetíveis devido à queda na imunidade, que pode levar a quadros mais graves. As crianças também têm um sistema imunológico mais sensível e, com isso, é importante que fiquem mais reclusos. Não é momento de passeios, até porque eles não têm muita consciência e podem acabar tossindo e espirrando, por exemplo, próximo ao rosto do coleguinha.

Como podemos ajudar a proteger esse grupo?

Evitando que eles circulem. Se tem algum idoso na família ou mesmo um vizinho, se disponibilize para fazer compras para ele, ir à farmácia e ao banco.

Como deve proceder quem tiver com os sintomas da Covid-19?

É importante que as pessoas tenham calma e fiquem atentos. Estamos recebendo relatos de que os sintomas se manifestam de maneira abrupta, mas quem está com os sintomas e continua se alimentando, consegue realizar as tarefas diárias em casa e apresenta um bom quadro clínico, com febre abaixo dos 38º não deve ir para o hospital. Já aqueles que estão prostrados, apresentam falta de ar e a febre que não cede ou volta repentinamente, é importante buscar auxílio médico.

Existe motivo para pânico? 

Não, porém, a população precisa parar de banalizar a situação e achar que é ‘exagero’. As medidas que estão sendo tomadas têm fundamento. Não é necessário estocar alimento, por exemplo, mas é importante que todos mudem o comportamento no que diz respeito a cumprimentos, higienização, circulação desnecessária nas ruas.

Porque a quarentena é recomendada? 
Não quer dizer que vamos conseguir desaparecer com vírus. O que acontece é que o contágio é muito fácil e rápido e se todos adoecerem ao mesmo tempo o sistema de saúde não terá estrutura para oferecer tratamento a todos. Além disso, outras doenças continuam existindo. Precisamos garantir assistência médica e leitos para além dos contaminados pelo coronavírus.

Existe uma previsão de quando as coisas devem voltar ao normal no país? 
Ainda não. Sabemos muito pouco sobre o vírus. Pesquisadores do mundo inteiro estão empenhados em descobrir métodos para amenizá-lo. Especialistas falam em 60 dias de quarentena pelo menos, mas isso não é definitivo. O importante é que todos comecem a se conscientizar. O pico da Covid-19 ainda está chegando no Brasil. Os números devem aumentar nos próximos dias e todos precisam atuar em prol da coletividade.

Danilo Mentrop é pós-graduado em Endocrinologia e Curso de atualização em metabolismo esportivo em Harvard. Está atendendo por telemedicina em tempos de Pandemia pelo telefone (21)972128369 e a partir do Dia 15.05 atenderá presencialmente de acordo com as regras de segurança da Organização Mundial de Saúde.

@drdanilomentrop

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